Bobagem

Olhei pra trás e ela vinha entrando, sorridente, beijando os amigos, e aí alguém me apresentou a ela, dizendo alguma coisa introdutória que realmente nos introduziu, pois na mesma hora começamos a trocar idéias como metralhadora, mesmo antes de terminar um raciocínio já havia um gancho para outro, e era como tivéssemos a maior pressa de se conhecer o mais rápido possível, não havia tempo a perder. Eu dispensaria toda aquela conversa, desde o momento em que a vi eu já sabia que eu queria ela, que tudo que ela pudesse me oferecer eu queria, eu já sabia que adoraria conversar com ela, trocar idéias, sentimentos, impressões, beijos, abraços, carinhos, fluidos, acariciar os seus cabelos, massagear as suas costas, dar um beijinho de boa noite, outro antes de ir pro trabalho, outro de surpresa, chorar de alegria por estar com ela, por ela existir e tudo o mais.

Mas eu estava tão contente, tão feliz de ter a sua atenção voltada pra mim que eu preferi jogar seguro e esperar mais um pouco, e talvez se ela ainda não estivesse tão envolvida quanto eu, com o tempo isso iria mudar a meu favor. Na verdade, era tão bom ter a sua atenção, que eu estava satisfeito com isso, era mais do que suficiente. Eu queria aproveitar a atenção que ela dedicava a mim para fazer a melhor propaganda possível de mim mesmo, mostrar pra ela tudo o que eu tinha a oferecer pra ela, e quanto mais tempo ela me desse pra isso mais eu me sentiria seguro de que eu poderia tê -la para mim. E eu queria isso muito.

E então eu a perdi. Num belo dia de outono, ela encontrou alguém que deu a ela algo que eu também tinha a oferecer, mas que não ofereci não, porque eu queria jogar seguro. Ela conseguiu dele o que ele a ofereceu, e de mim aquilo que eu estava oferecendo pra ela: amizade.

Agora volta!