Biblioteca do Daniel

Para trás


2-8-98

Chicletes

 

Carolina dança que nem um coelhinho batendo tambor. Virando pra cá e pra lá, com as mãozinhas girando uma em volta da outra e um sorriso ausente na cara. Mascando chiclete.

Sabe, eu nunca vi a Carol sem um chiclete na boca. É dependência química, podiscrê. Me lembro dela tirando o chiclete da boca e grudando embaixo da cama, e depois de me pagar um boquete, pegando ele de volta. Foi a única vez que eu vi ela tirando aquela porra da boca durante uma transa. Na maioria das vezes, o negócio sumia por encanto, eu vasculhava tudo com a minha língua sem encontrar nada. Raramente sorria. Acho que ela tinha medo de babar. Os sorrisos eram discretos, a maior parte do tempo os músculos da cara estavam relaxados, apenas ajudando a ruminação. A última coisa que ela fez antes de terminar comigo foi, após chorar muito, cuspir o chiclete no tapete da sala. Até hoje não consegui tirar aquela porra de lá. É claro que eu não conto pras meninas quando elas perguntam o que é esse negócio grudando nas suas costas. Ia cortar o clima totalmente.

Sobe

Esquerda Para Frente Direita

Desce