13-2-99

Sunny

 

Seus olhos são desagradáveis

Sunny não olha para mim

Ela me vê por dentro

Julgando e ironizando todas as minhas feridas

 

Sua pupila flutua no meio de um círculo

Seus olhos não se cruzam

Os cabelos, sempre em tufos

Os movimentos, aleatórios

Intermitentes, espasmódicos

 

E aí ela ri, como se quebrasse alguma coisa

E aí se desculpa, e ri mais, e dá uma sacada irônica

 

E fica paranóica, sai correndo, se encolhe,

cala ou fala como uma criança agarrada na barra da calça

 

E pula num abraço e num grito rachado e me puxa pelo braço

Enquanto o chiclete é esmagado em seu sorriso

 

Tira o chiclete da boca, porra!

 

Ela continua me olhando

Neste momento ela me conhece, sem ilusões

E me aceita

Sai