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% (find-TH "falta-misandria-0") % (find-LATEXfile "rrj.tex" "hangfrom") % (find-angg ".emacs.papers" "texbytopic") % \def\hangfrom#1{\def\hangobject{#1}\setbox0=\hbox{\hangobject}% \hangindent \wd0 \noindent \hangobject \ignorespaces} \def\who#1{#1:} \def\more{+} \def\mywid{6em} \def\who#1{\hangfrom{\hbox to \mywid{\bf #1:\hss}}} \def\more {\hangfrom{\hbox to \mywid{ \hss}}} \def\who#1{\smallskip\hangfrom{\hbox to \mywid{\bf #1:\hss}}} \long\def\POST[F #1 #2] [D #3]#4{ {\bf #1:} #4 } \def\POST{} \def\pdate#1{{\tiny (#1)}} \def\pdate#1{{\tiny (#1)}\par} \def\pdate#1\more{} {\footnotesize \who{Virginia} \pdate{9:41pm May 1} \more Meninas, queria ajuda pra opinar num tema tão delicado. Achei o texto BEM TRANSFÓBICO, os conceitos de identidade de gênero e a questão da ``mulher materialmente'' (CIS). É bem bizarro, mesmo assim, o debate sobre estupros corretivo é foda e não pode ser silenciado tbm.... \more {\bf O Queer promove estupro corretivo de lésbicas}\footnote{\url{https://milfwtf.wordpress.com/2015/04/28/o-queer-promove-estupro-corretivo-de-lesbicas/}} \who{JJ} \pdate{11:31pm May 1} \more Vou até parar de ler esse monte de bosta \who{Stephanie} \pdate{12:05am May 2} \more Sou mulher Cis, mas se me permitem... CARACA, O QUE SE PASSA NA CABEÇA DESSAS MINA RADFEM?!?!?!?! Pqp!! \more Eu não consigo entender. Queria saber de onde vem tanta merda que elas cagam pela boca. :( \who{Virginia} \pdate{12:10am May 2} \more Gente, to lendo o texto que a Bia, mas queria saber sobre essa questão do movimento das mulheres lésbicas (cis e trans). Eu não me reivindico lésbica, mas quando li o texto via que a questão do estupro corretivo é bem específico as mulheres cis, pois é para ``corrigir a sexualidade'', assim como as ``mutilações e violência corretiva'' de cortar nossos cabelos, tirar nossa peruca, cortar os seios, não permitir o uso dos hormônios se somos presas, publicar fotos com nossos rostos deformados, etc, etc, etc via Verônica é bem próprio das mulheres trans pois quer ``corrigir nossa identidade de gênero''. São duas coisas péssimas de tortura em defesa da hetero e cisnormatividade, que vão muito além e acho que precisam ser problematizadas, que esse texto zuado não se propõem a debater. \who{Bia} \pdate{12:21am May 2} \more Então, não existe ``estupro corretivo'' quando dizemos que homossexualidade não requer simetria genital. Dizer que orientação sexual não depende de genitalia não implica em forçar a vc se relacionar com quem você não queira. Deveria ser óbvio, mas a desonestidade é tamanha que dizer o óbvio acaba virando necessário. Dizer que sexualidade não é definida pelo genital é apenas dizer isso. Não implica em dizer que mulher cis ``tem que'' se relacionar com mulher trans... nada disso. Esse texto não se propõe a debater de fato questão nenhuma, o que ele quer fazer é a todo custo tentar incriminar mulheres trans ou o que ele entendo por ``queer'', debate nenhum tem ali. Gente, é só se deparar com o título sensacionalista pra entender qual é o teor do texto. Como você pode dizer que o ``queer promove estupro''? Que queer é esse, a teoria queer? Quer dizer que teóricos queer, que incluem notórios nomes de autoras cisgêneras como Butler, Lauretis, Haraway, etc, promovem estupro com suas teorias? Olha, realmente... \who{Eu} \pdate{5:32am May 2} \more Eu sempre leio esses textos de TERFs com uma certa curiosidade... e só agora, depois de pensar horas nesse aí enquanto eu rolava na cama, acho que entendi o porquê. \more A autora dele fala de certas coisas irracionais como se fossem perfeitamente racionais e razoáveis. A gente sabe que coisas são essas - são ``deslizamentos'', como a Bia explica super bem neste texto aqui, \more \url{http://transfeminismo.com/o-banheiro-e-a-ideologia/} \more entre ``pênis'', ``estuprador em potencial'', ``estuprador'', ``estupro corretivo'', etc. \more As afirmações do texto são delirantes e até nocivas pra outra pessoas; disto a gente está careca de saber e de dizer. Deixa eu falar sobre OUTRA coisa. \more A autora tem uma segurança pra falar dessas coisas que tem um quê de invejável. Tenho lido ultimamente um monte de textos de pessoas que tiveram problemas de auto-aceitação enormes, mas que agora escrevem coisas como ``eu sou gorda e negra, mas agora eu tenho orgulho disso, eu sou foda, e eu me amo''. Esse tom, que eu chamo de ``empoderado'', dialoga bem com os discursos de certeza que a gente vê por aí em todo lugar - em muitos meios a coisa mais importante pra você ser ouvida é você ter \_muita\_ segurança do que está dizendo. \more Bom, deixa eu copiar aqui um trecho de uma das minhas primeiras mensagens de saída do armário. Ela ficou super bem escrita, e não vale a pena eu tentar parafraseá-la ao invés de copiar do original. \more ``No início, quando eu era pequeno, eu achava só que eu tinha dado azar. As meninas podiam fazer tudo de legal e podiam pensar e conversar sobre o que queriam e serem sinceras; já os meninos tinham que ficar fingindo o tempo todo que gostavam de um monte de coisas idiotas só pra provarem pros outros que eles eram machos, e ficar fazendo papel de macho era algo tão infernal que a gente vivia explodindo de frustração e raiva... aí o que eu entendia era que os outros meninos descarregavam essa raiva se sacaneando e se batendo, e eles ficavam tão ocupados com isso que eles não tinham tempo pra pensar nada de diferente... e como eu era magro e fraco e tinha defeitos de personalidade eu não conseguia me encaixar e aí eu ficava só vendo tudo como se eu estivesse de fora... e eu tinha a impressão - aliás, a ``esperança''! - de que se eu me esforçasse MUITO e virasse uma pessoa muito interessante quando eu crescesse eu acabaria encontrando as outras pessoas que também sabiam que o mundo masculino era uma farsa, e teriam construído jeitos de viver fora dessa farsa...'' \more Então, voltando ao texto da TERF... o que ele tem que é um pouquinho invejável é que a autora consegue falar de assuntos que são gatilho pra ela - e ``pênis'' é mega-gatilho pra ela - sem engasgar no meio de cada frase pela certeza de que não só não vai ser entendida como vai ser patologizada. \more Quantos assuntos a gente tem, principalmente sobre motivos que nos levaram à transição, e fobias e gatilhos que permanecem mesmo depois da transição, que a gente mal se atreve a conversar com meia dúzia de pessoas mais próximas? \more O tom da TERF autora do texto pra mim é um tom masculino, pelo excesso de afirmações e pela falta de auto-crítica =(... mas eu fiquei imaginando, nesse tempo em que eu fiquei rolando na cama e pensando depois de ler o texto dela, o quanto pode ser empoderador pras mulheres irem em encontros de RADs cheios de TERFs e poderem falar livremente sobre coisas que em outros espaços pareceriam paranóias, e serem ouvidas. \more Na verdade acho que o principal motivo de eu pensar tudo isso é que eu tenho tido super poucas oportunidades de encontrar outras pessoas trans ao vivo, e algumas coisas que eu tenho lido de ativistas trans - por exemplo isto (principalmente os comentários): \more \url{https://www.facebook.com/andreigiu/posts/1559902204276071} \more me dão uma nóia de que em eventos trans eu talvez acabasse ficando à margem num canto sem conseguir me expôr ou puxar papo com quase ninguém, porque a minha vivência é bem diferente dos relatos que eu vejo... eu comecei a TH muito tarde, e antes disso eu vivi meio invisível, tentando fazer com que aparência física, namoros, sexo, etc, ficassem bem em segundo plano na minha vida - eu pensaria direito nessas coisas quando eu crescesse... então, sei lá, vai que os espaços trans estão ocupados só pelas pessoas que tem questões ``externas'', as pessoas que o tempo todo põem a cara no sol e levam porrada, e elas não têm mais questão ``interna'' nenhuma?... \who{Bru} \pdate{6:21am May 2} \more Só pelo titulo eu nem vou ler...por q ja sei q tem chorume de terf. \who{Cássia} \pdate{6:34am May 2} \more Como se homens trans nao corressem o tempo todo o risco do estupro corretivo. Transfobico até a raiz. \who{Dorothy} \pdate{9:47am May 2} \more mimimi \who{Dorothy} \pdate{9:55am May 2} \more Virginia, novamente vou discordar de ti: esse texto é totalmente descartável, falou besteira do começo ao fim, já contando pelo titulo \who{Virginia} \pdate{11:06am May 2} \more Dorothy é mais implicância do que ``discordar'', esse texto OBVIAMENTE não é meu. E não concordo com ele. Preste atenção! \who{Dorothy} \pdate{11:31am May 2} \more sim, se o texto fosse seu, já tinha levado um BAM rs \who{Virginia} \pdate{11:32am May 2} \more Jamais seria, Dorothy. Eu tenho princípios e sigo lutando pelo o que acredito, não saio por ai sendo inconseqüente e falando qualquer merda sem nem ler... \who{Dorothy} \pdate{11:35am May 2} \more relaxa, gata, se pareceu que eu estava insinuando que o texto era seu, eu devo ter me expressado mal. Eu sei sua posição e não tem nada a ver. Só reitero que o texto daqula terf é das ruim que não merece nem ser lido (Y) \who{Beatriz} \pdate{12:09pm May 2} \more o fato é que qualquer lésbica pode se sentir atraída por uma mulher trans. negar isso é hipocrisia \who{Eu} \pdate{6:57pm May 3} \more Tudo bem que várias pessoas aqui acharam o texto de TERF péssimo sem nem lê-lo... mas eu fui relê-lo agora pra escrever mais sobre ele - ou aqui ou só pra uma amiga minha - e achei ele MUITO bom. \more Eu tinha ficado com a impressão de que a autora deixava \_explícito\_ que ela tinha sido violentada, e aí a partir desse ponto do texto ela iria se permitir falar sobre os gatilhos dela e sobre ela ver estupro em todo lugar... agora que eu reli eu vi que não é bem assim, tá só implícito, mas escrito de um jeito tão forte que dá pra inferir as vivências dela - e, aliás, depois que eu fucei um pouco mais o site dela, vi que estão escritas em detalhes em outros posts. \more Tem uma coisa lá no meio do texto dela que eu achei MUITO foda. Ela diz: ``NÃO SABER LIDAR COM UM NÃO PARA UMA INVESTIDA SEXUAL É SOCIALIZAÇÃO MASCULINA''. Eu tou há meses tentando deixar mais claro o que é ``homem'', ``mulher'', ``masculino'', ``feminino'' pra mim e porque o ``mundo masculino'' era um inferno, e essa idéia é uma boa chave de pensamento. \who{Eu} \pdate{7:01pm May 3} \more ...e eu ia comentar aqui que acho uma estratégia ruim a gente chamar as histórias pesadas dos outros de mimimi, porque isso praticamente convida as outras pessoas a dizerem que as nossas histórias são mimimi também... mas fiquei deixando pra quando eu conseguisse escrever de um jeito mais caprichado, e agora vi que ao invés de usar as minhas palavras eu posso fazer uma citação. Lá vai. \more ``Quem se omite diante da dor não escolhe a neutralidade. Escolhe afundar ainda mais a vítima numa lama de culpas, nojos e medos. E eu só tinha o papel para enfrentar o que passava sem perder a lucidez.''\footnote{\url{https://milfwtf.wordpress.com/2014/06/23/sobre-pedofilia-e-a-minha-primeira-historia-de-horror/}} \who{Bia} \pdate{7:10pm May 3} \more Não Eduardo, não acho essa frase nem um pouco ``foda''. Continua sendo transfóbica. O que ela está querendo dizer é que mulheres trans são ``homens na verdade''. Ela está dizendo que mulheres trans são educadas como homens e teriam poder de coagir as mulheres cis a entrarem em relacionamentos abusivos. Acontece que a realidade concreta não pode sustentar essa tese. Quantos casos de mulheres trans abusadoras de mulheres cis vc conhece? Provavelmente nenhum ou poucos casos isolados, isso porque não existe base material na nossa sociedade que conceda esse tipo de poder às mulheres trans. \more Não há nada de empoderador nestes textos. Não é ético você tentar se empoderar vilipendiando e incriminando outras minorias. Isso não é um feminismo ético. Ninguém está chamando as histórias de abuso de ``mimimi''. Estamos discutindo que transfobia JAMAIS é aceitável como forma de luta política, por mais que a pessoa tenha sido traumatizada. Mulheres trans não são culpadas pelos traumas que a autora passou, e incriminalas enquanto minoria continua sendo uma prática transfóbica e inaceitável. \more Seria empoderador a luta de mulheres brancas, ao entrarem no mercado de trabalho e nos estudos, por exemplo, se aproveitarem de empregadas domésticas que são exploradas e na maioria das vezes negras? É empoderador um minoria se aproveitar das fragilidades de outras pra se empoderar e fazer disso luta política? Não é. Esse blog é transfóbico e não há nada de politicamente útil ou eticamente aceitável que venha dele. } % Local Variables: % coding: raw-text-unix % End: