Entrou no café, e eis que ela estava no balcão

Ela.

Oi, tudo Bem? Como vai?

Eu estou péssimo.

Estamos preparando o apartamento.

Eu minha tumba.

Você vai no chá de panela?

Ou no cortejo fúnebre...

Estamos para nos casar. Você não sabia?

Sei que estou morto.

Estou tão feliz por você!

 

Ele e ela

cravo e canela? não.

cravo e panela? ainda não.

cravo e banguela? quase.

cravo e balela? tá quente.

a festa dos cravos é uma balela.

 

Quero uma pessoa triste para conversar. Todos estão dormindo, confusos em suas próprias preocupações... Bom, eu também, com a diferença de que eu tenho só uma e não estou confuso. Estou arrasado. Alguém fugiu com o tempero, e agora tenho que empurrar alguma gororoba cinza garganta abaixo.

 

Penso em abandonar tudo. Penso em abandonar meus amigos, enfim, tudo que possa estar relacionado à ela. Resumindo: quero uma amputação social. Antes que o câncer destrua o resto do organismo.

 

Acho que não vou conseguir trabalhar amanhã. Está tudo desabando. Perdi o chão.

 

F*ing Rosa tiene razón. We F*ing perdemos tempo ruminando ao som da banda de arafura.

 

Sore Is To Be Continued...

 

E então eu olho para o lado, e há alguém

olhando também. O que vai pela sua cabeça?

 

Ela continua olhando. Ela me hostiliza. Por que tanto zelo?

Eles estão felizes. É o que importa! Por que me hostiliza?

 

Por que zelas mais pela felicidade dos outros do que pela sua própria?

Vê? Eu também não tenho moral para dar conselhos, pois aqui estou

 

Apenas contemplando

 

Apenas contemplando

 

Opala

 

Merda, tô doente.

Tenho mania de me enfiar nessas situações e achar saudável.

Outros não precisariam ficar doentes; não postergariam; apenas agiriam.

Eu, por outro lado, fico exigindo reconfirmações, esperando que o tratado seja lavrado para abrir as fronteiras. E aí, já viu: faltam itens básicos de consumo.

Merdra. Agora tem que ser já.

 

nao pode acontecer de novo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

 

Não vai acontecer de novo.

Não vai.

A doença não vai me imobilizar a ponto de não procurar um médico.

Vou me tratar.

Vou matar o germe da febre amarela.

Vou cortar o mal antes que ele cresça.

Não vou ficar esperando que a morte sobrevenha.

Ela me espera; eu vou.

 

Não é pros outros que eu tenho que perguntar; é pra ela!

EUREKA!!!!

(como agir)

 

Só eu sei

Só eu posso

Sentir o que sinto

e agir de acordo.

 

Liberto-me dos prepostos

dos conselhinhos, dos mexericos, dos boatinhos

Também posso ser terrível

sem ser agressivo,

sendo terno.

 

Me libertei.

Ainda há o que fazer.

E farei.

 

"Isto não é uma situação hipotética. Se você estivesse apaixonada por um cara, e ele tivesse uma namorada de longa data, mas demonstrasse interesse por você, o que você faria? Ficaria parada, em nome da moral de 'não desejar o homem do próximo', ou tentaria alguma coisa, claro, sendo sincera e jogando limpo?"

 

Poesia não é válvula de escape.

Não ajuda nada, além de ordenar o pensamento.

A inquietude persiste.

Não vai passar tão fácil.

 

SICODÉLICO!

SICODÉLICO!

SICODÉLICO!

 

sickness.

 

tricoto

tricoto

tricoto

 

seu olhar agudo

sua boca cheia d'água

seus braços abertos

 

enquanto eu tricoto

mais

mais

demais.

 

Keep up to the beat!

 

Frightening Waves or The Weakness Of Independent Trucking

 

Tenho um exemplo

E muito medo de perdê-lo

Vi a saúde mental de relance

depois de anos de convivência com a loucura

Tento em vão -- não -- procuro me lembrar da imagem

O que é essencial?

O que a faz diferente?

O que há de novo na face da terra?

O QUE ME FEZ DIFERENTE???

 

Ando para lá, para cá,

me decepciono com amigos, antigas formas de agir

 

Quando estávamos conversando, morria de medo de não saber agir diferente da velha maneira, a maneira errada, a que deixou de funcionar e ruiu

 

E então, no final da noite, eu me senti agindo naturalmente -- e era só isso! -- eu agradeci, dei-lhe um abraço -- tudo era novo e ao mesmo tempo velho e sem mistério.

 

E agora volto a sentir o mesmo medo de perder, de esquecer tudo.

 

Cara, esses dois são um monumento à raça humana! Eles têm que ser preservados e venerados!

 

Acho que estou tentando botar chifre em cabeça de cavalo. No final das contas, não é tão complicado mudar e se tornar humano.

 

Só e independente fico abandonado e morro à míngua

Quero as pessoas; quero ajuda; quero carinho; quero afeto; quero compaixão; e tenho tudo isso.

 

Mania de meter a mão em cumbuca

 

Porra, meu! Não muda!

Mania de meter a mão em cumbuca.

Mania de meter a mão em cumbuca, meu!

Medo de parecer algo, meu!

Vontade de ser algo, também!

Mas medo de parecer! Medo de ser óbvio!

Não pode ser de cara, tem que ser aos poucos.

E ninguém deixa, pô!

Todo mundo está de guarda!

Todo mundo menos quem não precisa.

Todo mundo acha despreza attachment menos quem está seguro.

Ou sou eu?

Será que sou eu?

Não sou só eu.

Deal with it! Hard. Hard. Yeah.

Problemas...

Attachment to wrong people...

Makes you to put your hand in cumbuca...

And fuck up everything.

 

To where now?

They're fuckin'each other now.

And I wonder where did I've got my hand into.

Fucking fucked everything. Just a bit.

No wonder everything just fucks up every time.

Prroblems.

 

Desligo o telefone e pulo em cima da almofada. É divertido. E continuo pulando.

My fucking life! But my fucking hands are good, for instance.

 

5/6/96

 

Estou confortável, estou aquecido pela calefação interna. É inverno. É noite e é tarde. Há um problema a ser resolvido no futuro. Enquanto isso, relaxo e vivo no conforto de um emprego bem pago, de boa comida, boa roupa, boa música e bom exercício físico. Há um problema no futuro, mas não é imediato. Há uma saudade de algo que acontecerá no futuro, mas o futuro sempre está longe. Um pequeno trecho pode ser recordado, mas a maior parte ainda está por vir.

 

Amanhã irei ao Leblon de bicicleta, comprarei um canivete suíço, talvez um disco que me lembre a adolescência... Talvez veja os amigos, um filme... Talvez não esteja parado, mas encubando algo de novo... Um alien?

 

Algo alguma hora deve me tirar desse estado de sonolência emocional.

 

Status quo: problemas em conseguir grana para o micrótomo do Landeira; cinismo e hostilidade no caso Amanda; extraordinários avanços no Tai-chi-chuan; muito prazer em ir e voltar da PUC de bike ouvindo Smiths e Rita Mitsouko, but mostly the former; muito prazer no convívio com gente como Dani; duas semanas sem aula no pré; + contato com Pedro e - com Eduardo. Preguiça de ir ao Sérgio Porto... Sem perspectivas quanto à questão sexual. Sem motivação para tentar resolvê-la.

 

(continua em PUNKS.DOC e ART.DOC)

 

28/8/96

 

Zé Guilherme fez tudo que todos nós sonhávamos. Entrou no Greenpeace, foi para a Nova Zelândia lutar, conheceu uma garota, arrumou casa e emprego. Estuda ecologia e provavelmente poderá viver confortavelmente trabalhando ao ar livre.

O Zé saiu de um apartamento escuro do flamengo e de uma cidade cinza e punk para viver em um barco com um pano de fundo azul e verde.

Como é fácil viver...

E eu achava o Zé ingênuo...

 

Planejo um pouco de vida para breve.

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