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% (find-angg "LATEX/2009-micropol.tex") % (find-dn4ex "edrx08.sty") % (find-angg ".emacs.templates" "s2008a") % (defun c () (interactive) (find-zsh "cd ~/LATEX/ && ~/dednat4/dednat41 2009-micropol.tex && latex 2009-micropol.tex")) % (defun c () (interactive) (find-zsh "cd ~/LATEX/ && ~/dednat4/dednat41 2009-micropol.tex && pdflatex 2009-micropol.tex")) % (eev "cd ~/LATEX/ && Scp 2009-micropol.{dvi,pdf} edrx@angg.twu.net:slow_html/LATEX/") % (defun d () (interactive) (find-dvipage "~/LATEX/2009-micropol.dvi")) % (find-dvipage "~/LATEX/2009-micropol.dvi") % (find-pspage "~/LATEX/2009-micropol.pdf") % (find-pspage "~/LATEX/2009-micropol.ps") % (find-zsh0 "cd ~/LATEX/ && dvips -D 300 -o 2009-micropol.ps 2009-micropol.dvi") % (find-zsh0 "cd ~/LATEX/ && dvips -D 600 -P pk -o 2009-micropol.ps 2009-micropol.dvi && ps2pdf 2009-micropol.ps 2009-micropol.pdf") % (find-zsh0 "cd ~/LATEX/ && dvips -D 300 -o tmp.ps tmp.dvi") % (find-pspage "~/LATEX/tmp.ps") % (ee-cp "~/LATEX/2009-micropol.pdf" (ee-twupfile "LATEX/2009-micropol.pdf") 'over) % (ee-cp "~/LATEX/2009-micropol.pdf" (ee-twusfile "LATEX/2009-micropol.pdf") 'over) \documentclass[oneside]{book} \usepackage[latin1]{inputenc} \usepackage{edrx08} % (find-dn4ex "edrx08.sty") %L process "edrx08.sty" -- (find-dn4ex "edrx08.sty") \input edrxheadfoot.tex % (find-dn4ex "edrxheadfoot.tex") \begin{document} \input 2009-micropol.dnt %* % (eedn4-51-bounded) %Index of the slides: %\msk % To update the list of slides uncomment this line: %\makelos{tmp.los} % then rerun LaTeX on this file, and insert the contents of "tmp.los" % below, by hand (i.e., with "insert-file"): % (find-fline "tmp.los") % (insert-file "tmp.los") Notas sobre micropolítica 2009dec14: Cola em Cálculo 2 ============================ Fato: 12 alunos colaram descaradamente na segunda prova de Cálculo 2. Eu não sei como eles fizeram durante a prova - eles foram bem discretos, acho, mas o que importa - o que temos de concreto - é que eles responderam algumas questões de forma exatamente igual - mesmos erros, mesma diagramação (ok: não "exatamente" igual, mas com diferenças ínfimas; qualquer pessoa externa que consultarmos irá concordar com isto). Fato: quando eu corrijo uma questão de alguém que colou eu fico morrendo de raiva, e passo dez minutos pensando em coisas-que-agora-não-vêm-ao-caso - dá um trabalhão pra eu me concentrar de novo e conseguir ter alguma certeza de que eu vou corrigir a prova seguinte sem passar a desconfiar por princípio de cada coisa que o aluno seguinte tiver escrito. Sub-fato importante: esses alunos são alunos de segundo período, e os alunos dos primeiros períodos escrevem {\sl muito} pior do que deveriam (obs: ainda não tive contato suficiente com os outros). Eles raramente escrevem algo além das contas, raramente conseguem explicar por escrito um raciocínio, têm vícios de linguagem que fazem com que o que eles escrevem seja muito ambíguo - por exemplo: Como a derivada da constante é 0; se o gráfico tem a mesma variável $(-x)$, sua derivada será igual à de uma função com qualquer outra constante. A gente {\sl precisa} que os alunos consigam escrever os raciocínios deles claramente, e o ideal seria que eles pudessem até escrever coisas como isto numa questão de prova: daí sen $3x = e^x$... isto é absurdo, então devo ter errado antes, talvez nas contas quando eu inverti a matriz... Ao invés disso eles escrevem o mínimo. Eu ainda não estou conseguindo premiar adequadamente os alunos que escrevem direito - eu disse que uma questão bem explicada poderia dar "pontos de bom karma" pra eles, fazendo com que eu fosse muito mais tolerante com erros e distrações em outras questões da prova, mas ainda não consegui implementar essa idéia direito, e ainda não consegui critérios suficientemente "objetivos" pra medir o que são questões bem explicadas... e acabei tendo que dar - por falta de tempo no final do semestre - a mesma nota pra pessoas que fizeram trabalhos individuais super bem feitos e pra grupos de três pessoas que simplesmente copiaram literalmente os trabalhos de outros grupos de três pessoas... por exemplo, um dos trabalhos era pra eles aprenderem a visualizar aproximações de áreas por somas de retângulos; depois eu ponho um link pro scan do enunciado. Quantos alunos será que encontraram um modo de caprichar no trabalho que servisse pra eles mesmos? Deixa eu explicar isso, que não deve ter ficado claro. Alguém que tenha feito um trabalho todo bacana só pra ganhar mais pontos vai se sentir injustiçado por ter ganho os mesmos pontos que alguém que fez um trabalho porco, e não vai querer caprichar nos próximos; mas alguém que tenha feito os desenhos do trabalho com todo o cuidado só pensando "oba, que legal, tou aprendendo um monte de truques pra fazer diagramas super claros", essa pessoa vai ter orgulho do trabalho que fez, e ela sabe que ela aprendeu a fazer [IT os próximos] trabalhos bem melhor... e quando ela precisar explicar um argumento geométrico pra um grupo de colegas ela vai fazer num instante um desenho que vai esclarecer tudo, e a gente sabe que nessas situações os colegas meio que absorvem habilidades desenhatórias por osmose, aí fazem desenhos no estilo do dela pra discutir as idéias, e, Plim!, as habilidades de uma pessoa viraram habilidades de um grupo... Mas voltando. Teve um grupo de questões - sobre integração por partes - que eu dei na prova e que eu depois me senti um idiota por ter dado, porque quase todo mundo respondeu com contas de duas ou três linhas sem nenhuma das marcações que a gente fazia nesse tipo de conta em sala, no quadro, pra tornar as contas mais fáceis de seguir e evitar erros, e quase ninguém fez uma conta de uma linha, extra, que verificaria que o resultado da integração por partes estava certo... Nessas questões eu tenho indícios de que houve muita cola, e essas colas - exceto em pouquíssimos casos - eu não posso "provar" nada, porque aparentemente aquele era o único caminho "objetivo" de chegar ao resultado, elas simplesmente "seguiram o método"... Então os alunos escrevem pouco, e enquanto eles se mantêm teimosamente no mundo das pessoas que escrevem pouco eles ganham, como brinde e bônus, a possibilidade de responderem exatamente as mesmas coisas que os outros em certas questões cuja "resposta" é só uma expressão matemática, como se estas questões fossem quase que questões de múltipla escolha... Deixa eu ir por um instante pra um problema que tem me descabelado muito, e que é ainda mais gritante em Matemática Discreta que nos cursos de Cálculo. Vou pegar um "problema" (matemático) bem concreto como exemplo. Como calcular 2^100-2^99? Três caminhos possíveis: 2^{100} - 2^{99} = 1267650600228229401496703205376 - 633825300114114700748351602688 = 633825300114114700748351602688 = 2^{99} 2^{100} - 2^{99} = 2^{99} 2^{100} - 2^{99} = 2^{1+99} - 2^{99} = 2^1 * 2^{99} - 2^{99} = 2 * 2^{99} - 1 · 2^{99} = (2 - 1) * 2^{99} = 2^{99} Porque é que o terceiro é melhor? Aliás, em que sentidos o terceiro é melhor?... Repare, cada "=" do terceiro caminho é uma aplicação de uma regra aritmética básica; é super fácil checarmos cada um dos "="s e entendermos porque ele é verdade; podemos escrever isto num dia, esquecer completamente o que fizemos, reler na semana seguinte, e entender tudo de novo - não só isso, como alguém que nunca viu esse argumento pode lê-lo e entendê-lo facilmente - e ainda por cima esse argumento pode ser "generalizado" facilmente para outros números: ele nos mostra "porquê" 2^{100} - 2^{99} = 2^{99}, e podemos usar a mesma idéia para mostrar que 2^{4001} - 2^{4000} = 2^{4000}; ele nos "ensina" algo novo, e além disso (!!!) nos mostra como estruturar um argumento... Os alunos não entendem que eles estão aprendendo uma linguagem nova, que eles vão usar [IT ativamente] no futuro - ela não é só pra ler coisas que já existem, ela é também para argumentar, e pra chegar a resultados, e pra conferir resultados - tanto os deles quanto os dos outros... (não vou nem dizer "pra pensar" porque isso é vago). Mas voltando: os alunos colaram, e eu fiquei puto. Alguém tem que se dispor a ser odiado por esses alunos - e acho que nesse momento a pessoa Que ela estava muito arrependida, A nossa importância é muito mais fácil de justificar se Uma visão utilitarista: muito arrependida porque [IT precisa] se formar em n períodos, talvez haja uma questão de linguagem aqui Uma visão utilitarista da universidad Claro que de vez em quando a gente encontra uns alunos que se dispuseram a mudar seu estilo de vida e a reduzir suas necessidades materiais quase que ao mínimo pra poderem passar um tempão estudando e aí aprenderem o máximo possível... a gente adora esses alunos e faz o possível pra protegê-los, mas eles são poucos, e é natural que seja assim. Estes alunos estão em um extremo do espectro; eu mencionei eles pra poder falar deste "espectro": do que seriam os alunos na outra extremidade dele, de como posicionar esses alunos que colaram, e de como à medida que a gente se desloca a nossa linguagem muda, a nossa percepção muda, e mudam a nossas noções do que é concreto, do que pode ser falado, e de que argumentos a gente pode usar... além disso mudam a noção de quais são as "moedas de troca" - essa idéia das "várias moedas" é uma das minhas idéias preferidas, e vou voltar a ela daqui a pouco. Pois bem, uma aluna A ficou muito desesperada porque foi pega colando, e tentou argumentar de mil jeitos - e isso durante horas, num dia em que eu estava ocupadíssimo entre correções e aplicações de provas... foi horrível - inclusive meia hora, pelo menos, enquanto eu estava aplicando prova de Cálculo 4 (!), mas mais sobre isto depois. Por sinal: outros alunos tiveram atitudes que eu achei digníssimas - admitiram a cola, entenderam porque eu tinha ficado tão puto da vida, e a aluna B (estou introduzindo ela na história agora; ela acabou de virar um personagem com um nome (curto), e vou falar mais sobre as diferenças entre as alunas A e B depois), pois bem, a aluna B, transtornada e super humilde, perguntou se teria como eu dar a chance pros alunos que colaram pelo menos fazerem a prova final... e eu topei. Deixa eu só desembolar a ordem dos acontecimentos, porque no parágrafo anterior eu contei tudo fora de ordem. Na segunda, 2009dec14, de manhã, que era quando eu tinha que divulgar as notas da P2, eu entrei na sala de aula espumando de ódio e fui explicando a situação e escrevendo algumas coisas no quadro. "Os doze alunos com colas descaradas na P2, que são: (nome, nome, nome...) vão aceitar a nota que sobrou da P2, com as questões coladas anuladas, e vão cordialmente se abster de fazerem a VR e a VS"... aí a aluna B pediu pra eles poderem fazer a VS e eu deixei, e mais tarde a aluna A veio falar comigo, aliás, teve vários blocos de conversa, sendo que o último desse dia Os espelhos =========== Há várias relações possíveis entre professores e alunos - e acho que elas costumam se formar por uma "brincadeira de espelho", na qual cada lado copia, conscientemente ou inconscientemente, a atitude do outro. Por exemplo: às vezes professores e alunos são "amiguinhos", e contam piadas, sorriem, fazem brincadeiras, são camaradas uns com os outros, se dão tapinhas nas costas, e relevam os erros dos outros - inclusive, talvez, digamos, colas não-descaradas. Em outros casos professores e alunos são "inimigos": os professores desconfiam sempre dos alunos, pressionam os alunos de todos os modos possíveis, e os alunos vão encontrar modos de trapacear sem violar as regras - porque esse professor não merece confiança, e porque a punição por violar as regras vai ser pesada. Um outro tipo de relação possível acontece nas matérias mais avançadas, onde fica mais claro que professores e alunos têm um objetivo - difícil - em comum. Por falta de outra palavra melhor vou chamar esta relação de "aliados". Parasita e hospedeiro causa danos quando o problema é reconhecido quando a raiva é nomeada ela vira material de trabalho a faxineira disse que tem lugares do banheiro que têm pilhas de papéis de cola o país dá dinheiro pra gente pra que a gente forme boas pessoas/bons engenheiros, não engenheiros quaiquer (apesar de que o que pode ser medido é pouco) Irresponsabilidade e inconseqüência Podem causar danos impossíveis de quantificar & quase mí(s)ticos ao país e ao mundo mas têm efeitos mais concretos também - nos irritam e nos desesperam insalubridade Um aluno que cola uma questão desse jeito acha que pode fazer qualquer coisa Tio Dion, que faz todo mundo ficar com medo, é o inimigo Abaixo assinado: é só isso que nós temos Num certo sentido eu estou numa posição privilegiada - como o abaixo assinado contra mim já existe e já foi apresentado formalmente ao departamento, consta em ata, etc, não é razoável que eu fique paralisado com medo de uma denúncia formal - eu tenho menos a esconder. Uma discussão de princípios Filtros linguísticos que fazem com que a gente escreva pouco numa prova, pouco numa carta ao departamento, pouco no caderno se abster de ============ Passagens micropol "Você é responsável pelas conseqüências - diretas e indiretas - do que você faz" Agora são eles próprios que escrevem seus abaixo-assinados, petições Isto dá muito trabalho pra desenvolver - muito mais do que Cálculo 2 - leva meses, anos, exige muito exercício - e será que é útil pro mundo dos trabalhos adultos? Não sei, as opiniões divergem Muitos alunos de Engenharia têm a impressão de que eles estão fazendo um curso que é puramente técnico, e que eles só precisam se concentrar em aprender coisas técnicas; acho que eles supõem que quando eles termirem o curso eles vão ser contratados para trabalhos que vão cobrar deles que eles façam coisas técnicas, e que o sistema & as regras do sistema funcionam suficientemente bem, e que basta eles fazerem o que se pede deles O único livro de direito que eu li, o do Agra Belmonte, fala bastante de "Doutrina Jurídica" Raiva, tristeza - a lei não é contra que isto aconteça, isto é inevitável O importante é que estas coisas não tenham conseqüências concretas. %* \end{document} % Local Variables: % coding: raw-text-unix % ee-anchor-format: "«%s»" % End: