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% (find-angg "LATEX/2014depoimento-ci.tex") % (find-dn4ex "edrx08.sty") % (find-angg ".emacs.templates" "s2008a") % (defun c () (interactive) (find-zsh "cd ~/LATEX/ && latex 2014depoimento-ci.tex")) % (defun c () (interactive) (find-zsh "cd ~/LATEX/ && pdflatex 2014depoimento-ci.tex")) % (defun d () (interactive) (find-dvipage "~/LATEX/2014depoimento-ci.dvi")) % (defun d () (interactive) (find-xpdfpage "~/LATEX/2014depoimento-ci.pdf")) % (find-dvipage "~/LATEX/2014depoimento-ci.dvi") % (find-xpdfpage "~/LATEX/2014depoimento-ci.pdf") % http://angg.twu.net/LATEX/2014depoimento-ci.pdf \documentclass[oneside]{book} \usepackage[latin1]{inputenc} \usepackage{edrx08} % (find-dn4ex "edrx08.sty") \input edrxheadfoot.tex % (find-dn4ex "edrxheadfoot.tex") \usepackage[colorlinks]{hyperref} % (find-es "tex" "hyperref") \begin{document} \footnotesize \pagestyle{empty} \thispagestyle{empty} \def\cl#1{\par\centerline{#1}} \def\clb#1{\par\centerline{\bf #1}} \clb{SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA DO RIO DE JANEIRO} \clb{EDITAL Nº 04/2014 -- PRÊMIO DE AÇÕES LOCAIS - Edição Rio450} \msk \cl{DEPOIMENTOS ESCRITOS} \bsk Eu, {\bf Eduardo Nahum Ochs}, residente na Rua Valença 269, casa 3, Jardim Mariléia, Rio das Ostras, RJ, CEP 28895-898, reconheço a importância da ação local {\bf ImprovisAÇÃO e Contato}, pelos motivos expostos abaixo. \msk % Meu nome é Eduardo Nahum Ochs, sou professor, solteiro, CPF % 021.441.927-40, RG 04844873-2 (Detran). Nasci em 07/fev/1971, % trabalho em Rio das Ostras/RJ, na UFF (Universidade Federal % Fluminense), e meu endereço residencial é Rua Valença 269, % casa 3, Jardim Mariléia, Rio das Ostras, RJ, CEP 28895-898. % Eu descobri as aulas da Sofia Giliberti no Centro Cultural Laurinda % Santos Lobo no fim de 2012, e ajeitei os meus horários na % universidade pra que um dos dias em que eu não preciso ir % fisicamente lá seja sempre nas segundas-feiras. Tenho sido muito % assíduo nas aulas da Sofia desde então. Eu sou transgênero assumido desde 2002, mas até bem pouco tempo atrás a idéia de que identidade de gênero e orientação sexual são coisas distintas só era entendida em poucos círculos aqui no Brasil... então eu me identificava como ``queer'' ou ``sexofóbico'' quando precisava explicar porque eu nunca ia em eventos ``normais'' ou ``heteros'' - eu nem nunca ia em bares socializar com colegas, porque quando as pessoas começavam a se divertir com comportamentos machistas, sexistas e homofóbicos aquilo me dava uma raiva com a qual eu não conseguia lidar. Eu pratiquei Contato Improvisação muitos anos, em vários lugares, depois parei um tempo e voltei em 2012, para as aulas da Sofia. Os eventos e pessoas relacionados a CI acabam sendo um dos espaços onde eu me sinto mais seguro; vou explicar porquê. Uma das minhas paranóias mais recorrentes, há décadas, era de que por eu ser visto como homem eu sempre seria visto como ``agressor'' - como alguém quando se aproxima de outras pessoas pode a qualquer momento ter segundas intenções sexuais e se tornar inconveniente... Em CI durante os exercícios em dupla ou em grupo nós temos que ser muito atentos com os parceiros, e o mais sinceros possíveis com o que a gente sente (porque esconder coisas causa tensão física!), então desejos sexuais sempre causam uma certa confusão. No final de cada aula, jam ou oficina sempre há uma roda de conversa pra que as pessoas possam {\it começar} a falar sobre as suas questões; essas rodas nunca são suficientes pra resolver questões complicadas, mas duas características específicas das aulas de Sofia fazem com que as pessoas consigam continuar estas conversas depois, de um jeito que eu nunca vi acontecer nos outros grupos de CI dos quais eu já participei. A primeira é {\it diversidade} - o grupo é incrivelmente diverso em termos de idade, raça, classe social, profissão, orientação sexual e de gênero, nacionalidade, etc - e a segunda é a {\it seriedade}: as aulas começam rigorosamente na hora, algo quase impensável no Rio de Janeiro, e não são pras pessoas saírem felizes e sorridentes, ficarem amiguinhas, nada assim; o objetivo é {\it pesquisa}. Isto faz com que as pessoas saiam intrigadas, cheias de questões, e com energia pra se aproximarem dos colegas para discutir estas questões - muitas vezes até por escrito, por internet. Não há espaço aqui para transcrever nenhum dos textos que produzimos, mas os meus estão disponíveis neste link: \url{http://angg.twu.net/gender.html} - e acho que cabe mencionar aqui que graças às aulas da Sofia eu acabei participando da organização da Marcha das Vadias de Rio das Ostras de 2013 e de vários grupos de discussões feministas, nos quais, aliás, um dos principais temas é sempre {\it como construir espaços seguros}, onde as pessoas estejam a salvo de serem vistas de forma hipersexualizada e como objetos, consumíveis e descartáveis... as aulas me ajudaram a criar uma outra relação com o meu corpo, e daí um modo de me colocar em público; eu passei de ``tímido e problemático'' para ``ativista''! Ah, e em fevereiro deste ano eu afinal consegui decidir dar mais um passo bem grande na minha vida: começar um tratamento hormonal, e com isto passar de ``transgênero'' para ``transexual''. E como eu sou um professor universitário e ativista em vários fronts, isto acaba sendo não só algo pessoal, como algo político, e com bastante visibilidade... \bsk \cl{Rio de Janeiro, 25/nov/2014} \msk \cl{Nome completo: Eduardo Nahum Ochs} \msk \cl{Assinatura: \phantom{Eduardo Nahum Ochs ---------}} % (find-TH "2014-ci") \end{document} \begin{quote} Oi Gilda, adorei as fofocas que você fez ontem sobre o cara que ficou de pau duro numa jam e foi super inconveniente... mas eu estava pensando - pq eu pensei muito nas coisas que vocês falaram, mas tenho andado muito dispersivo e desorganizado, aí não consegui escrever aqui... - que eu queria puxar o assunto pra duas outras direções diferentes... 1. O que acontece quando {\it a gente} fica excitado (e no caso dos meninos isso é ainda pior, porque algo visível acontece) e a gente fica constrangidíssimo com isso e fazendo o possível pra disfarçar e não incomodar ninguém?... (Parêntese: lembrei de um meme maravilhoso da EraDeCisperar que dizia algo como "o bofe era um sonho - mas aí ele genitalizou e estragou tudo") 2. Às vezes eu não me exponho muito - fico em algum jeito de usar o corpo que é atento mas meio técnico - mas tem algumas vezes em que a improvisação vira algo mais verdadeiro, daí pra ser bem mais cuidadoso sem medo de ser pessoal... e se cria uma relação de cuidado e confiança que às vezes é a coisa mais importante que me acontece na semana, e eu fico lembrando dela depois em muitos momentos... que que a gente faz com isso? As pessoas têm códigos super diferentes, e eu tou sempre me defendendo mentalmente do mundo que eu peguei quando era adolescente, no qual envolvimento emocional era algo "ridículo" a ser evitado a qualquer custo - e sei que isso ainda persiste em muitos lugares... Então: eu {\it queria} ter muitas improvisações dessas que são super transformadoras, mas o que fazer com o "depois"? Que que a gente pode fazer pra lembrar de uma improvisação fantástica de um jeito que gere simpatia ao invés de fazer as pessoas acharem que agora a gente está cheio de segundas intenções constrangedoras, que a gente virou um mala sem alça, ou que a gente é um perigoso psicopata? \end{quote} % Local Variables: % coding: raw-text-unix % ee-anchor-format: "«%s»" % End: