Biblioteca do Daniel

Para trás


3

  Não me lembro por que, mas alguém teve a idéia de iniciar um fanzine. Acho que foi mais para experimentar a habilidade gráfica dos fundadores, ou seja, do João Pedro, do Marcelo e do Alexandre, todos estudantes de desenho industrial. Eu entrei porque eu adoro fanzine, e por que eu queria experimentar minhas idéias políticas. Um fanzine nada mais é do que uma revista de fundo de quintal, feita de cópias xerox grampeadas. Puro Faça Você Mesmo. Batizamos a criança com o nome de Palimpsestos. Havia uma explicação brega qualquer para o nome, mas comecei a achar que a resposta "Não sei. Estranho, né?" para a pergunta "O que significa?" tornava o nome mais divertido. Contaminado pelo anarquismo, convenci os outros de que deveríamos deixar qualquer coisa ser publicada, sem seleção, por qualquer um que quisesse escrever sobre qualquer assunto. Se não fosse por isso, acredito que não teríamos material suficiente nem para o primeiro número. Mas essa decisão também selou a sorte do nosso Palimp: não havia um público alvo. Ninguém quer ler qualquer coisa. Não obstante boas matérias, havia um teor absurdo de lixo em cada número da revista. Eu mesmo publiquei uma série de poesias sofríveis, junto com muitos pseudo-poetas. É claro que também houve os verdadeiros.

(continua)

Sobe

Esquerda Para Frente (continua) Direita

Desce